A diferenciação dos sentimentos por Bert Hellinger
A diferenciação dos
sentimentos
08/01/2015
11:53
Bert
Hellinger,psicoterapeuta Alemão e criador da psicoterapia sistêmica denominada
Constelação Familiar, fala sobre a diferenciação dos sentimentos em seu livro,
o reconhecimento das ordens do amor, em uma conversa com a jornalista que
publicou o livro juntamente com ele ,Gabriela Ten Hövel.
Hellinger
diz que diferencia os sentimentos primários dos secundários. Afirma que os
sentimentos secundários servem como substitutos dos primários.
É a emoção primária, segundo o autor que nos leva a ação. As emoções
secundárias servem como um substituto à ação. Trabalhar os sentimentos
secundários apenas reforça a recusa a agir.
· A
inveja
Inveja significa querer ter algo sem querer pagar o seu preço. Em vez de
o terapeuta trabalhar com a inveja no paciente, seria mais prudente conduzir o
cliente a um ponto em que ele mesmo pudesse decidir se está mesmo disposto a
pagar o preço total pelas vantagens e pelo sucesso.
· A
raiva
A mesma coisa que acontece na inveja, se dá com a raiva. A raiva
primária surge quando somos atacados. Esta raiva dá forças para que o indivíduo
se defenda e por isso ela é boa. Ela leva a pessoa a agir. Porém, a raiva mais
intensa é fruto das nossas fantasias. Fica-se com raiva, mas não se
age.Não há movimentos de solução.Só há raiva!
Hellinger
nos dá um exemplo para elucidar este caso:
Pude
observar isso em mim mesmo quando trabalho, diz Hellinger. Se eu ficar zangado
com as pessoas, numa constelação,e começar a me perguntar:O que há de errado
com estas pessoas?Por que estão contra mim? Sei imediatamente que estas
suposições são fantasiosas. Porque todas as vezes que eu investiguei a
verdadeira causa era diferente daquela que eu tinha imaginado. Essa espécie de
raiva não se baseia em informações. Baseia-se em projeções e suspeitas.
Segundo o
autor a raiva também tem a ver com um direito que a pessoa não reivindica. Se
não reivindicamos um direito que nos pertence, ficamos com raiva. Esta raiva
serve para nos paralisar. Nada mais é que um substituto para a própria ação.
Estes
sentimentos são apenas uma força aparente. Os sentimentos decisivos são a dor e
o amor. Em vez de encarar a dor, talvez a pessoa fique com raiva.
Numa
sessão, o paciente lembra que apanhava do pai e fica com raiva. Ele fica com
raiva para não sentir a dor. Se sente raiva, não se pode sentir dor. Mas se ele
disser: Isso realmente me magoou ele passará a outro nível muito mais
introspectivo e forte. Penetrará mais fundo do que se ele disser: Você vai me
pagar!
Os
sentimentos que leva um indivíduo ao triunfo ao a vitória podem prejudicar o
sucesso.
O sucesso
é conquistado quando nós renunciamos ao triunfo. ”Eu sou digna e você é um
patife. Eu sou fiel e você o marido infiel. A esposa triunfa e perde o
marido.Eu sou um pai generoso,você uma mãe ruim!
Quem
triunfa, com o tempo perde o apoio dos outros. As pessoas se voltam mais para o
perdedor. É uma necessidade irresistivelmente humana.
· O
Ódio
Vários
sentimentos são somente’ o reverso do amor e da dor. O ódio é somente a outra
face do amor. Ele brota quando alguém é ferido em seu amor. Se uma pessoa
expressa o ódio ela bloqueia o seu acesso ao amor. Mas se ela disser: Eu te
amei muito e isso me machuca demais, então não existirá mais espaço para o
ódio. Com o ódio a pessoa perde aquilo que ela realmente deseja.
· O
medo
O oposto
do amor é a indiferença. Quando um casal vai para a terapia e diz que não podem
mais viver juntos é só observar se há algum tipo de envolvimento.
Se sofrem muito, existe ainda envolvimento e as chances para a reconciliação
são boas. Se já não há dor, o relacionamento está terminado e predomina a
indiferença.
O medo é
um sentimento que se prende a algo. Se retiramos tudo aquilo no qual o medo
pode se fixar, ele cresce.É mais nobre encarar diretamente as situações que
provocam o medo.
Se numa
família falecesse o avô, seria prudente pegar a criança pela mão e dizer a ela:
Veja a mão do vovô agora esta fria. Vamos enterrá-lo. Mas você poderá se
lembrar sempre dele. Assim a criança pode olhar para o morto sem medo.
· A
depressão
Os
pacientes depressivos na visão de Hellinger não ficam doentes porque reprimem a
raiva, mas porque reprimem a ação que levaria a solução. Só o fato de expressar
raiva não liberta ninguém. A pessoa deprimida é aquela que não tomou um dos
pais. Muitos se castigam por não tomarem os pais como são simplesmente
fracassando em suas profissões, perdendo seus parceiros ou muito dinheiro. A
depressão pode ser o vazio dos pais.
A base do
desenvolvimento saudável é reverenciar os pais, respeitar aquilo que eles
significam e tocar a vida para sempre. Não importa como são os pais. Aquele que
ousa desprezar os pais irá repetir em sua própria vida o que ele despreza. Pois
é exatamente através do desprezo que ele se torna igual aos pais.
Quanto
mais uma pessoa rejeita os pais, mais irá imitá-los. Essa rejeição também
acabará refletindo em outras áreas da vida do filho.
Fazer
exigências é uma forma particular de rejeitar os pais. Quando um filho quer
impor aos pais a maneira como eles dever ser e agir com os filhos, impedem a si
mesmo de tomar da vida o que é essencial.
Olhar
para os pais e dizer: Eu sou o filho certo para você e vocês são os pais certos
para mim e eu os liberto de toda a expectativa pode ser um grande caminho para
a cura.
Trechos
retirados do livro O reconhecimento das ordens do amor de Bert Hellinger e
Gabriela Ten Hövel pag 88 a 93.
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